Placa bacteriana pode ser removida com escovação e higiene bucal adequada

A placa bacteriana ou BIOFILME, que é o termo mais atual, é definida pela camada de micro-organismos que fica firmemente aderida sobre as superfícies de dentes. O BIOFILME é formado por muitas colônias de bactérias, células da mucosa, células de defesa do sangue, enzimas, sais minerais, proteínas, pigmentos e restos alimentares. Ele pode ser considerado um ecossistema e sofre mudanças contínuas, variando em composição nos diferentes locais da boca, e de pessoa para pessoa.

Calcula-se que mais de quinhentas espécies microbianas sejam capazes de colonizar a cavidade bucal, e que cada um de nós possa ter cerca de 150 a 200 espécies. Mas não se assuste, nem todas as bactérias são ruins – algumas até são necessárias.

Em condições normais, esses micro-organismos não causam danos. As bactérias defendem a cavidade bucal contra a invasão de outros organismos, como os causadores de cáries e periodontite. Além disso, os micro-organismos contribuem para a síntese de vitaminas e proteínas. Porém, o excesso deles pode ser prejudicial.

Colonização expressa

Logo após uma limpeza profissional – quando o biofilme é totalmente removido – o dente começa a ser novamente colonizado pelas bactérias. Em 24 horas sem higienizar os dentes, já temos uma camada de biofilme clinicamente visível. Após 24 horas, o crescimento da comunidade bacteriana vai se tornando mais complexo e com diferenças na composição: o biofilme supragengival – formado acima da borda da gengiva, a parte visível do dente – e o biofilme subgengival – formado abaixo da borda gengival, no sulco da gengiva, aonde o fio dental deve limpar.

A falta de higiene no sulco gengival facilita a inflamação da gengiva, provocando a gengivite, que em alguns casos pode evoluir para periodontite. Por isso, a higiene bucal é muito mais do que a limpeza da boca e dos dentes. É um gesto de saúde.

Por isso é muito importante escovar os dentes pelo menos a cada oito horas, mesmo que não tenhamos comido nada. O crescimento das bactérias não para, é contínuo, e precisamos remover o BIOFILME sempre. Apesar de bem aderido ao dente, o BIOFILME é de consistência mole, e pode de ser removido com uma higienização bem feita. Já o tártaro – aquelas minúsculas pedrinhas calcificadas que se acumulam entre os dentes – é mais difícil de ser removido e só um dentista poderá retirá-lo com segurança. 

Certifique-se de que a limpeza foi bem feita

Escovar os dentes – usando escovas de cerdas macias, de cabeça pequena e fazendo movimentos circulares bem pequenos – é um ato simples, mas seu dentista pode dar orientações de como conseguir uma escovação eficaz e um a higiene perfeita. Para a higiene bucal ser completa é preciso usar corretamente o fio dental e o raspador de língua.

O fio ou fita dental deve ser utilizado no mínimo uma vez por dia, pois o uso da escova de dente, por mais eficiente que seja, não consegue remover os resíduos depositados nas áreas entre os dentes. O raspador de língua é um instrumento de higiene bucal desenhado especificamente para a limpeza da língua. Eles são capazes de remover a saburra lingual, ou seja, a placa esbranquiçada que recobre a superfície da língua. A limpeza da língua é importante para eliminar o mau hálito, reduzir cáries, doenças periodontais, tártaros, infecções de gengiva e garganta. Hoje sabemos que muitas doenças do nosso organismo são causadas por vírus e bactérias da cavidade oral. Embora a pasta de dente não seja indispensável, a remoção do biofilme é 70% maior quando se usa dentifrício. Além disso, a formação de uma nova placa é reduzida em 45% com o uso de creme dental.

O uso de enxaguante bucal com flúor é importante principalmente à noite. Durante o sono a salivação diminui e o com isso o efeito protetor da saliva contra as bactérias fica prejudicado. Alguns enxaguantes possuem álcool, o que não é recomendado para a saúde bucal – essa substância pode causar a descamação de células da mucosa. Dessa forma é melhor escolher produtos que não tenham o álcool em sua composição.

A limpeza profissional ou profilaxia tem como objetivo a prevenção de doenças bucais. Faz parte da profilaxia o exame meticuloso da cavidade bucal, dentes e gengivas, mucosas, restaurações e próteses, correção de saliências que dificultam o uso do fio dental e a instrução e demonstração de como efetuar uma higiene adequada.

A remoção do tártaro supragengival é feita utilizando-se instrumentos manuais, e também o ultrassom. Em pacientes com alto índice de cáries e em crianças é aplicado um gel de flúor, para proteger a estrutura mineralizada do dente dos ataques ácidos das bactérias.

A profilaxia ajuda a prevenir a necessidade de tratamentos extensos e caros e colabora para que você sorria com saúde.

Fonte: Minha Vida

Dentista ensina como não deixar as crianças engolirem pasta

A supervisão e exemplo dos pais, o sabor escolhido e o tipo de creme dental fazem toda a diferença no momento de ensinar higiene bucal para os pequenos 

Uma das principais preocupações dos pais ao introduzir o hábito de escovar os dentes no dia-a-dia das crianças é que o produto seja engolido e acabe prejudicando a saúde delas. Apesar desse risco, a pasta pode e deve ser usada desde bem cedo, a partir do momento em que aparecerem os primeiros dentinhos, época que varia entre seis meses e um ano.

Para Marcelo Bönecker, professor titular de Odontopediatria da USP, o importante é ficar atento ao volume de pasta e o quanto de flúor ela possui em sua composição. Quando a criança ainda possui poucos dentes na boca a quantidade de pasta deve ser referente a um grão de arroz. Quando ela já tiver com quase todos os dentinhos (pelo menos 2/3), já pode ser a quantidade de um grão de ervilha. “O mais importante é ter certeza que a pasta escolhida possui flúor (fundamental para combater a cárie), mas na quantidade certa para as crianças (com 1100ppm)”.

Porém, o mais importante para que ela não engula o produto, é a supervisão e o exemplo dos pais. “Sempre recomendo que os pais escovem os dentes com os filhos até os 7 anos, porque, além de serem exemplos para as crianças, podem ensinar e controlar como o procedimento está sendo feito”, diz o especialista. É mais ou menos nessa fase que a criança passa a ter total controle motor e de deglutição.

Cuidado ao escolher o sabor

Um alerta interessante que Marcelo faz aos pais é na escolha do sabor da pasta de dente. Segundo ele, muitos adultos optam por pastas infantis com sabores agradáveis (como tutti-frutti ou morango) na tentativa de incentivar o gosto pelo ritual da escovação.

“Essa é uma prática bacana, mas justamente por gostar do sabor da pasta é que muitas crianças acabam por engoli-la de propósito, ou pior, a comem como se fosse gelatina. Quando a criança insiste nesse tipo de comportamento, mesmo com represália dos pais, recomendo que eles passem a comprar pastas com sabores mentolados e fortes, para que a criança sinta necessidade de cuspi-la rapidamente por conta do sabor desagradável” diz o especialista.

Fluorose 

No entanto, mesmo com a supervisão dos pais, às vezes os baixinhos acabam ingerindo um pouco de pasta de dente. Mas segundo Marcelo, não há motivo para se desesperar. “Na verdade, não há nenhum grande mal nisso, senão a vigilância sanitária ou o Ministério da Saúde não permitiriam a circulação do produto para uso infantil”.

Segundo ele, a intoxicação mais preocupante é a crônica (quando a criança engole grandes quantidades de pasta/flúor). “Nesses casos, o principal problema que pode acontecer é a fluorose nos dentes permanentes, que são manchas no esmalte dentário”.

Porém, segundo um estudo feito no Brasil pelo Ministério da Saúde em 2010, a prevalência de fluorose dentário em crianças até 12 anos é pequena (16,7%), sendo o percentual delas com fluorose severa considerado praticamente nulo.

Fonte: Terra