Durante a pesquisa, foi constatado que algumas bactérias causadoras da periodontite tinham a capacidade de modificar as funções do vírus que causa a AIDS
Um estudo realizado por profissionais das principais instituições de ensino do país – USP, UNIP e UNICAMP – concluiu que cuidar da saúde periodontal pode aumentar a imunidade de pacientes com HIV.
Para entender a pesquisa é necessário saber que a doença periodontal é uma infecção forte na gengiva que provoca sangramento, perda de estruturas ósseas e, em alguns casos, perda do dente. Por ser uma infecção, há a presença de bactérias que, além da boca, podem se espalhar pelo organismo.
“Durante a pesquisa, percebemos que algumas dessas bactérias tinham a capacidade de modificar as funções do vírus que causa a AIDS, aumentando sua capacidade de se multiplicar, por exemplo”, diz Renato Corrêa Viana Casarin, professor do curso de Mestrado em Odontologia da UNIP e co-autor da pesquisa.
A partir disso, foi possível associar as infecções gengivais com a queda da imunidade de pacientes soropositivos. Ou seja, prevenindo ou controlando a periodontite é possível reduzir as bactérias que estimulam o vírus da HIV e, consequentemente, a quantidade de vírus no organismo.
“Já se sabe que quanto menos carga viral, maior a imunidade do indivíduo que possui o HIV. E isso ficou bastante claro em nossa pesquisa que, com o tratamento da periodontite, o número das células de defesa do organismo, chamadas linfócitos CD4, aumentavam”, diz o especialista.
Durante todo o tratamento e pesquisa o cuidado com a doença bucal sempre foi reforçado com informações sobre o benefício de se tratar a inflamação da gengiva e técnicas de escovação e remoção de placa bacteriana.
Saúde bucal e qualidade de vida
Com base nos resultados, os especialistas envolvidos na pesquisa garantem que ter uma higienização bucal impecável ajuda, e muito, a melhorar a saúde e a qualidade de vida dos portadores do vírus HIV.
“Os portadores do vírus HIV devem ter um rígido controle de sua saúde bucal, visitando o dentista frequentemente (período que varia de 3 a 6 meses, dependendo da indicação do profissional). Esses pacientes inclusive podem apresentar outros problemas bucais associados a presença do vírus HIV, sendo o diagnóstico e o tratamento precoce de grande importância para o tratamento e, consequentemente, para a saúde geral”, diz Renato.
Fonte: Terra